quinta-feira, 31 de março de 2011

Sempre aos domingos





Pia LesPaul, por Flavio Colker

Tha Ballad of Patti Smith

por Pia LesPaul, domingo, 13 de fevereiro de 2011 às 23:57

YOU MADE IT
Carrying your own sins
Drawing the line
Fingerprints never fade from the lifes you touch
Purple necklace, lettuce sandwiches, bookstores, New York
Gratefully shouting
Thank you
Thank you very much

Wearing words in place of wounds
A fierce heart for the next generation
Optimism offered as souvenir for lost souls
What can I give you in return, salvation?

You knew how to give your life everyday
Proclaiming random verbs of love
At Chelsea
The poet lives on the second floor
Who cares JJ is right above?

If the night belongs to lovers
Lets ride horses until the dawn
Sculptured
We´re solid bodies of a dream
The art from 1946
´Til forever unknown

Holding hands with the two R Boys
A bus ride
Moneyless
A sidewalk
The artist´s bed
Keith Richard´s style
Upon your head
The rock, the roll
By you spread
Regards
P.S
Say hi to Fred

Fora do calendário

Por Cassiano Viana

EM 1989, O CINEASTA ALEMÃO WIM WENDERS rodou, a convite do Centro Georges Pompidou, um documentário sobre o estilista japonês Yohji Yamamoto. "The world of fashion. I'm interested in the world, not in fashion! But, maybe I was too quick to put down fashion”, diz Wenders, nos primeiros instantes de Identidade de Nós Mesmos (Notebook on Cities and Clothes).

E se moda e cinema têm algo em comum, o que dizer da relação entre moda e fotografia? O que dizer do impacto, para a moda, da fotografia de nomes como Richard Avedon, Helmut Newton, Patrick Demarchelier, Mario Testino e Annie Leibovitz? Como negar a importância do mercado editorial e de revistas como Vogue, Elle e Harper’s Bazaar para a moda?

A fotografia usa a moda ou é o contrário? Teoricamente, o propósito da fotografia na moda seria o mesmo de um catálogo: exibir roupas e vendê-las. Na prática, a fotografia desde sempre foi um veículo de expressão de grandes fotógrafos.

Julia Valle tem uma visão bem definida de seu trabalho e da relação entre fotografia e moda: “Eu faço roupa, e ponto final. Não tenho preocupação em fazer parte de um calendário de moda, em montar coleções de verão, inverno, em fazer a roupa que vai ser o hit da estação, às vezes nem tem a preocupação da roupa ser usada. Ela pode não ser usada também e ficar dependurada na parede”. Justamente por isso, Julia pode ser a pessoa indicada para falar, de uma forma não deslumbrada, sobre fotografia e moda.

O que te levou à moda?
Acho que foi o desgosto pela moda. Quando criança era meio contra tudo que estava em voga. Pra mim sempre estava errado o que as pessoas usavam, queria o contrário. A princípio eu achava que era desgosto mesmo pela moda, com o tempo fui descobrindo que era gosto demais. Como sou muito pequena, comecei a costurar minhas roupas, meu pai me ensinou o básico. Depois fui buscando aprender mais, cursos de corte e costura, livros, até que resolvi assumir aquela curiosidade toda e fui estudar estilo. E dai não teve mais volta.

Teoricamente, o propósito da fotografia na moda seria o mesmo de um catálogo: exibir roupas e vendê-las? (quando, na prática, a fotografia desde sempre foi um veículo de expressão de grandes fotógrafos).

Não acho que o propósito primeiro da fotografia na moda seja esse, mas hoje em dia quase tudo tem esse propósito, de fazer dinheiro. As marcas acabaram comprando a fotografia editorial pra si no intuito de agregar valor aos seus produtos e, no fim, vender mais, ou melhor. É tipo o hotel que compra a obra de um grande artista para colocar no hall de entrada. É como se fosse um aval de que a coisa é boa e vale a pena.
Acho que na essência a fotografia de moda é o que qualquer outra forma de representação artística de um universo ou momento histórico também é, capturar todo um cenário sociológico, cultural, político, etc, e transformar em uma imagem, estática ou não, e ganha valor quando é bela, para aquele tempo, para um tempo futuro, etc.

É o mercado editorial quem dita a moda? Quais as melhores revistas de moda? O que faz uma boa revista de moda?

Boa para quem?


Isso já é parte da resposta.

A gente precisa muito da imagem da fotografia de moda para apresentar propostas/ambientação e moods de coleção. Como e porque usar o que foi desenhado, sem essas imagens, ainda que tenhamos desfiles, é bem complicado. O mercado editorial já ajuda muito mais na formação de tendências de uma coleção que efetivamente promove vendas. Temos um bocado de publicações de moda, e talvez seja ate a área que mais conta com publicações tanto aqui quanto fora. Eu adoro as revistas tipo moda moldes e manequim, por exemplo.

As mais confiáveis são ainda as internacionais licenciadas no Brasil, como Vogue, Elle e L'Officiel. As de moldes são ótimas para o publico que não tem poder aquisitivo pra comprar marcas, mas que detém o conhecimento de corte e costura, então podem reproduzir rapidinho o que estava nas passarelas. Essas pops são confiáveis porque já fizeram uma filtrada boa do que acontece tanto aqui quanto fora, tem o aval das editoras internacionais (que querendo ou não ainda são as grandes ditadoras de moda no mundo). São boas para interessadas no assunto, mas que não querem ter que digerir e processar cada imagem que vêem.

A fotografia usa a moda ou a moda usa a fotografia?

Tem um preconceito generalizado com a moda. A gente ainda demora um tempo para conseguir fazer a arte têxtil ser reconhecida como arte. E por mais que já existam exposições de indumentárias em museus de historia e artes aplicadas, o numero de fotógrafos de moda que conseguem esse status de artista é ainda muito maior.
A fotografia já tem o reconhecimento há muito mais tempo, até no numero e tempo das academias que oferecem cursos de graduação/mestrado/doutorado na área da fotografia. Por mais que seja já quase secular em alguns países (tipo França), a moda ainda esta bem no começo. Pensa no Brasil, nossa primeira escola de moda não tem muito mais que 20 anos.
Gosto muito da construção da roupa, do tanto de significações que cada peça carrega, de tecido, de modelagem...Acho que é o foco do meu trabalho. Na minha produção autoral eu não falo de moda.

Por que você diz: “Na minha produção autoral eu não falo de moda”?

A moda está sujeita a todas essas sazonalidades de estilo, estações, tendências, modas, e é isso que define uma roupa como moda. O Roland Barthes tem umas categorizações muito duras, mas que eu acho ótimas. Falar de moda é falar de uma peça de roupa que tem um tempo de duração. Eu faço roupa, e ponto final. Não tenho essas preocupações em fazer parte de um calendário de moda, em montar coleções de verão, inverno, em fazer a roupa que vai ser o hit da estação, às vezes nem tem a preocupação da roupa ser usada. Ela pode não ser usada também e ficar dependurada na parede.

Mas a fotografia, as revistas de moda não seriam um primeiro clique, quando o guri ou guria pega uma Vogue e pensa: quero fazer isso!

Talvez. Talvez goste de tecido. Talvez goste de USAR roupa. Talvez goste de costura. Talvez goste de COMPRAR roupa. Acho que tem um bocado de razões. Antes de entrar efetivamente no mercado, até mesmo dentro da faculdade, acho que os estudantes brasileiros não têm uma noção tão clara do que é ser profissional de moda. Fazer moda não é só estilo.

Se você fosse escolher um fotógrafo, de qualquer tempo, para fotografar a teu trabalho, qual seria?
Guy Bourdin ou um amigo que eu adoro, o Gustavo Marx.
Fotos Patrícia Rezende

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tables and Rites: fabulação filosófica, gesto teatral, especulação

Fotos: América Cupello
AMERICA CUPELLO MARCH 24 AT 3:02PM REPORT

A questão do drama e da cena é essencial em minha fotografia, desde o início. Eu queria ser escritora, mas acabei cursando jornalismo na UFF e foi numa disciplina chamada foto-reportagem que tive contato direto com a fotografia, e pela primeira vez pensei em fotografar. Escolhi um amigo para posar e criei meu primeiro tableau, que envolvia personagem, set, não tinha nada a ver com reportagem, inventei uma cena e fotografei um personagem dentro de uma piscina vazia. Escolhi figurino, maquiagem, o modo diretorial já estava ali, tive a sorte de encontrar um professor visionário e recebi muitos elogios pela ousadia.

Naquele momento eu percebi que podia contar uma história com imagens. Daí em diante, passei a fotografar com esta idéia de encenação muito forte. Claro, que a fotografia sempre é construção, mas meu foco era realmente o viés teatral, a cena, a ficção.

No caso do still life é a mesma coisa. No momento em que estava cursando o doutorado entre 2006 e 2010, minha preocupação era achar uma pergunta inaugural para minha tese, e aconteceu que achei ao invés disso, um gesto inaugural, esse gesto foi vestir e desvestir uma mesa. Gesto teatral, mas também gesto especulativo fotográfico. O ambiente da escola de Belas Artes me influenciou com todas aquelas aulas sobre Barroco, Natureza-morta, etc. Então para relaxar um pouco daquele conteúdo teórico muito denso, comecei a trabalhar com uma toalha de mesa dionisíaca, ou seja, comecei um processo de tingimento dionisíaco com vários tipos de vinho sobre uma toalha na mesa de minha casa-estúdio, e isto me conduziu aos rituais que envolvem a mesa, inclusive o still life. Fiquei totalmente obsessiva com estas construções efêmeras que revelam passagem do tempo, decadência, morte e vida.

A intenção de rever esse momento na história não é a de reproduzir as suas intenções, seus temas e simbolismos, mas sim pensar formas idiossincráticas, novas possibilidades formais com o intuito de repensar o conhecido e o familiar, sob uma nova ótica. Nessa arqueologia ao contrário, quis propor encenar e construir com os objetos, uma sintaxe deslocada, que verte do próprio ato de fotografar entendido como um trespassar para dimensões imemoriais. Trata-se de uma arqueologia ao contrário, em vez de escavar, construir, (vertendo o vinho sobre a toalha que era branca) camadas, películas, tratou-se de dar forma a uma ruína.

Nesse processo com a teoria fui confrontada com essa questão de gênero na fotografia (jornalismo, moda, retrato, etc), mas vejo que essa preocupação acaba caindo por terra quando nos aproximamos do fenômeno da imagem, pois é por meio dela que a teoria se faz, não o contrário. O vício das classificações permanece no ensino de arte e nas instituições, mas os teóricos mais inquietos, como Douglas Crimp, ele percebe, que a fotografia não é um sistema homogêneo. Sua abordagem enfatiza a fotografia como um centro irradiador e contaminador segundo expressão do autor, que vêm desestabilizar um tipo de discurso e instaurar um sistema heterogêneo que foge a um tipo de classificação ideal, ou a classificação de museu. A meu ver, é nesse terreno arriscado e cheio de tsunamis que a fotografia opera em suas múltiplas dimensões e não suporta mais as caducas classificações.

A fotografia vista como imagem e objeto para mim é essencial. Embora estejamos caminhando para a profusão de telas e imagens sem espessura, há a meu ver, um desejo de espessura, um desejo de habitar uma interioridade um "ambiente fotográfico", me refiro aqui às instalações fotográficas. Acho essa vertente muito forte.
Neste sentido, percebo elementos seminais como encenação, manuseio de suportes (papeis, vidros, tecidos) de forma experimental, e o fotógrafo como agente e partícipe desse ato.

A fotografia em seu vetor objeto demonstra que o ato fotográfico, como nos colocou tão bem Philippe Dubois, vai além e aquém do clique fotográfico, o objeto demonstra esse tempo esgarçado, esse encenar que não termina na feitura e na exposição digital da imagem. As escolhas do fotógrafo são visualizadas também no espaço expositivo que acolhe esta foto-objeto. Fatores como tamanho, espessura, colocação no espaço efetivamente pertencem a esse ato ou gesto fotográfico esgarçado.

Em minha abordagem, levo em consideração esses aspectos que revelam a fotografia como uma fabulação filosófica que percorre impulsos, trajetos, narrativas e especulações, que se desprendem, na relação entre fotógrafo, repertório e fotografia.

O acaso é essencial. É preciso perceber quando um trabalho começa a ser reorientado pelo acaso, saber ver esta potência e se deixar levar com certeza. Alguns trabalhos são orientados totalmente pelo acaso, pelo bom encontro. Tenho um grande coletivo de objetos, ready-mades que encontrei recentemente na rua. Uma grande quantidade de bonecos que foram guardados durante quarenta anos e depois descartados, todos da mesma época, ensacados, dilapidados e inéditos ao mesmo tempo, um grande paradoxo. Estas luzes encapsuladas nunca alcançaram o olhar a que se destinaram, o olhar infantil. Muito pungente, não é para mexer muito não, estão prontos, só falta colocar a luz, revelar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A vida pelo visor


FLAVIO COLKER  March 14 at 10:04pm
Claudio,
Olhei rápido as fotos. São incríveis. Eu queria fazer uma matéria falando do impulso de fotografar. Você desenhava e a fotografia apareceu na sua vida...e aplacou uma angustia não foi? Ou criou outras? Você fotografava por necessidade, por impulso. Isso me interessa. A fotografia como um vicio, droga

Outra pergunta: A imagem aparece pronta para você. Você sabe aonde quer chegar. Sempre soube desde que fez a primeira foto. E isso não tem nada a ver com uma carreira profissional. Eram as imagens, simplesmente.

De onde você tirou sua influencias? Com quem suas imagens conversam?

Você fotografa personagens. É como um teatro, não?

Você de repente parou de fotografar, assim como começou. O que aconteceu? Se você fosse profissional, fotografo de moda...você se viu um dia como um fotografo profissional?

CLAUDIO BUENO  March 15 at 1:17pm Report

Flavio,
A fotografia era um desenho mais rápido, sem tanta frustração, pois as linhas e a perspectiva já existiam. O processo, porém, é mesmo. Não tem diferença do enquadramento da Mona Lisa ou de um portrait da minha prima.

Sim, a fotografia virou um vício, uma droga. Quem foi que disse que vício artístico a gente chama de cultura?!?

Minhas influencias surgiram do contato contigo, Flavio. Eu não estava brincando quando disse que você não só me emprestou a tua Nikon, mas também me ensinou a entender uma imagem. Talvez o que você tenha me ensinado mesmo, é que não tem nada que se entender.

Minhas imagens são feitas para agradar o modelo. Acho que por isso nunca quis virar profissional. Editores de arte e clientes só iriam atrapalhar o meio de campo. Minha fotografia é dedicada aos amigos que gostavam de ser fotografados. Me lembro que na escola, fiz muitos contatos, desenhando para as pessoas. Acho que com a fotografia não foi diferente. Todos queremos ser amados.

Comecei fotografando personagens. Eu precisava daquela produção toda, para conseguir quebrar a barreira e obter bons resultados. Hoje em dia, posso fotografar sem necessidade do carnaval todo. Acho que minha fotografia cresceu comigo.

A vida é um teatro, ou não? Tudo que fotografamos é um mis en scene. Ultimamente tenho feito muitos Still Life, e depois de fotografado, até uma laranja é parte de um contexto teatral.
Eu nunca parei de fotografar. Tenho foto dos 70, 80, 90, 2000. Foi difícil dar continuidade quando saí da minha cidade natal e vim morar num país estranho aonde eu não conhecia ninguém. Mas mesmo assim, com o tempo, retratei as novas amizades.

A única diferença entre profissional e não profissional é a grana. Uma imagem boa é uma imagem boa. Numa revista ou no fundo da minha gaveta. Acho que o que eu não queria, era ser forcado a retratar aquilo que não me interessava. Mas fotografo eu sou, sim. Vejo a vida pelo visor.


Espero que eu tenha feito sentido nas respostas às tuas perguntas, se não, a gente repete. Obrigado por estar fazendo isso, acho o máximo!
Beijos
Teu
Claudio

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Estendal responde

AFINAL, PARA QUE SERVE UMA IMAGEM? A pedido do 1/125, o coletivo O Estendal (http://oestendal.wordpress.com/) responde à pergunta.


Os Estendidos: Daniel Gregory Chiacos, Kelly Lima, Henrique Andrade, Ana Rodrigues,
Karin Lerner, Silvio Moréia, Stella Mello e Fred Pacífico Alves

"É uma viagem dentro do universo particular do autor".(Daniel Chiacos)

"Uma imagem serve para saciar o apetite dos olhos, a gula da memória e a sede de permanência". (Kelly Lima)

"É a eternização do segundo, do click, do piscar de olhos. É a sublimação do inesquecível momento que marca a história do mundo e da alma." (Henrique Andrade)

"Uma imagem é uma janela para um ponto de vista e cada um que vê interpreta como quer". (Ana Rodrigues)

"É um mundo dentro dos meus olhos".(Karin Lerner)

"É a ironia da mortalidade em insistir que existe a eternidade!" (Sílvio Moréia)

"Imagem é a projeção visual de algo que se vê ou sente".(Stella Mello)

"Uma imagem serve para iludir o instante e dar contorno ao pensamento, para que uma mensagem, o tempo, a memória e a criatividade tornem-se quase tangíveis, no momento que se concretizarem sob o olhar de quem a vê." (Fred Pacífico)

Art Kane

The Who
Pete Townshend
Jim Morrison
Jim Morrison
Cream

“IT STARTS WITH CONCEPTS.  I consider myself a conceptual photographer. I want to communicate the unseen elements in a personality”. Art Kane

Diário

Gabriela Mourato, por Flavio Colker

Only Rock 'n Roll

Por Cassiano Viana

“IF SOMEONE DOESN’T WANT ME TO SHOOT THEM, FINE, FUCK ‘EM. But if they do, there can’t be any restrictions.” Jim Marshall

Há quase um ano morria, no dia 24 de março, em Nova Iorque, Jim Marshall, fotógrafo que ficou conhecido pelas imagens de John Coltrane – em 1960 –, Thelonious Monk, em 1962, Jimi Hendrix – queimando sua stratocaster no festival de Monterey Pop, em 1967 –, Rolling Stones, Janis Joplin, Beatles – Marshall foi o único fotógrafo no backstage da última apresentação do Fab Four, no Candlestick Park, em 1966 –, Bob Dylan, Johnny Cash – a histórica gravação, em 68, na Folsom Prison e, um ano depois, Cash mostrando o dedo médio durante uma apresentação na San Quentin State Prison, Califórnia –, Cream, The Who e Led Zeppelin.

“I love all these musicians – they’re like family. Looking back, I realize I was there at the beginning of something special, I’m like a historian. There’s an honesty about this work that I’m proud of. It feels good to think, my God, I really captured something amazing.”

Aos 74 anos, responsável pelo registro do rock em sua Era de Ouro, o cara que tinha sobrenome de amplificador (o melhor deles) e fotografava com uma Leica ainda estava na ativa.

“I don’t sign shit either, I own all of my photographs and no one I’ve shot, not Dylan, not Miles, not Cash, has ever complained about how my pictures of them have been used. If someone doesn’t want me to shoot them, fine, fuck ‘em,” dizia. “But if they do, there can’t be any restrictions.”



quarta-feira, 2 de março de 2011

Os testes de personalidade do Pink Crooner

Por Flavio Colker

CONHEÇO O MOYSES DO FACEBOOK E SOU FÃ DA SUA PERSONALIDADE ONLINE. É um ator/escritor de primeira. Suas performances para fotografia, over the top e irônicas, deixam claro que a vocação da imagem é para ambigüidade, máscara e ídolo.

“O Pink Crooner é sexo, fala e canta sobre sexo”, ele diz, lembrando que como todo artista, é megalomaníaco. “Sou daqueles que gostam de fazer tudo, ser o autor e o objeto, o criador e a criatura. Não sei se isso é bom, mas é a verdade”.

Depois de anos numa escola de teatro, Moyses descobriu que a sua vocação é mostrar o sexo. “Pornô. Adoro o Pornô. Eu sempre quis ser um ator pornô que canta números da Broadway durante o coito”.


Moyses Ferreira February 26 at 3:03pm Report

Flavio, primeiro obrigado por se interessar na minha brincadeira. E segundo... Ah, vai lendo e me diga se era isso que você queria.

Sim, eu tenho uma relação muito forte com a imagem, mas não chamaria de visceral. É contraditório... Se o produto final consegue ser visceral, ótimo, mas é apenas o resultado de uma preparação fria e quase metódica. Precisão. Dessa palavra eu gosto mais. Ainda estou descobrindo minha relação com a imagem. Na verdade essa relação sempre existiu... só que agora tenho as armas para produzir essas imagens.

Sou um junkie em consumo de imagem. Minha maior fonte é o cinema. O cinema é o melhor alimento. Não o cinema da tela grande, esse não me interessa mais. Gosto do cinema em casa, na tela do computador. Esse poder de dar pause, fazer um frame, mudar o tamanho, repetir quantas vezes eu quiser, salvar a expressão do ator, é o que me interessa. E tento fazer isso com as imagens que crio junto com o meu parceiro e fotógrafo particular Joka P. (muito bom ter um fotografo particular! Glamour total!)

Não, as imagens não mandam em mim. O caminho é inverso. Tenho controle total sobre elas. A execução é burocrática e objetiva. Às vezes até faço um story board da foto que vai ser tirada. Na verdade, essas fotos são testes de figurino ou testes de personalidade como gosto de chamar, um tipo de still. O tal do Pink Crooner é um personagem que está sendo criado a partir dessas imagens. Elas são um ensaio aberto do que ainda vai virar um mini-filme no Youtube. Quero que ele viva ali, na telinha. Mas, como disse antes, os recursos do Pink Crooner são limitados. Então, ele dá um passo de cada vez e acho que dá pra perceber isso na pequena, mas rápida evolução das imagens que você se interessou. Estou começando a me afastar do close... Estou ganhando segurança e com vontade de mostrar mais.

Sou um ator fracassado, sem palco e provavelmente sem muito talento. Mas ter esse poder de criar e manipular essas fotos me torna muito poderoso. A maldita democracia virtual serve pra isso. É triste, grotesco e maravilhoso!

Como todo artista, sou megalomaníaco. Sou daqueles que gostam de fazer tudo, ser o autor e o objeto, o criador e a criatura. Não sei se isso é bom, mas é a verdade. E desse jeito o teatro é feito, acontece, mas o palco propriamente dito não existe mais... O palco é agora virtual, como tudo hoje em dia. Perfeição existe!

Pornô. Adoro o Pornô. Eu sempre quis ser um ator pornô que canta números da Broadway durante o coito. Depois de anos numa escola de teatro descobri que a minha vocação é mostrar o sexo. O pornô ou as fotos eróticas não são frias ou sem vida. Se tem pau, se tem cu, se tem boceta, tem vida! O que mudou foi a maneira que é consumido, perdeu o mistério... Não tem mais aquela culpa de entrar numa banca e comprar uma revista ‘suja’ e depois esconder na gaveta de meias. A masturbação é apenas mais uma coisa que se faz enquanto se responde um e-mail de trabalho. Eu sempre começo a me masturbar com um vídeo dos gatos Kristen Bjorn, falo com a minha irmã do Skype e termino gozando vendo a Bette Davis jogar a Joan Crawford escada abaixo. Mas muita gente só aceita o sexo com culpa, como algo sujo. Por isso dizem que não gostam, acham sem vida. Tudo mentira! Um par de peitinhos sempre vai causar comoção!

Fotos: Joka Prochownik
O sexo e a morte sempre vão ser fortes, vão chocar. A primeira coisa que tento ver quando uma pessoa é atropelada é se alguma parte intima esta aparecendo. Uma pessoa pelada ainda diz muito, me toca muito, e não vejo a hora de tirar a roupa! O Pink Crooner é sexo, fala e canta sobre sexo. Faz sexo. Só que tem que ser registrado, com uma câmera, numa foto. Ainda não sei como vou chegar lá... No clímax da imagem.

Só não esqueça dos créditos do Joka nas fotos que usar!!